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20Ago2012

Venda balcão de milho é insuficiente

Pequenos criadores de Pernambuco estão sofrendo com a falta de milho em grande parte dos oito pontos de distribuição existentes no Estado, onde a venda balcão do cereal está sendo realizada. O problema é sentido também em outros estados do Nordeste. A liberação de milho dos estoques públicos para atender os criadores, em decorrência da forte seca que abateu a região, foi assinada e publicada em portaria interministerial 470 no fim de maio, que estabeleceu os parâmetros para a oferta da ração, a baixo preço. Pelo documento, um total de 200 mil toneladas do cereal seria disponibilizado para produtores que estão sob a área de influência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), mas até agora apenas 8,6 mil toneladas foram contratadas.

O presidente da Federação da Agricultura de Pernambuco (Faep), Pio Guerra, afirmou que a falta do milho nos pontos de distribuição está levando os pequenos criadores ao desespero. “Como eles confiaram que haveria milho nos galpões, a um preço mais baixo do que o comercializado, confiaram no Governo, não se precaveram com outra alternativa”, disse. Ainda de acordo com Pio Guerra, a quantidade prevista pelo Governo não é suficiente para atender à demanda dos criadores.

“A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) preparou um relatório discordando desse quantitativo, com base no levantamento dos rebanhos e usando os parâmetros nutricionais. O documento foi encaminhado à Conab”, disse. De acordo com o texto, seriam necessárias 1,95 milhão de toneladas de milho para suprir a demanda. “O milho existe, o grande problema é o transporte dele até os entrepostos”, afirmou Guerra.

O superintendente de Abastecimento Social da Conab, Nilton Lélio de Melo, explicou que a dificuldade no abastecimento dos pontos de distribuição tem causa principal na greve dos transportadores. “Nós tínhamos contratado, mas eles preferiram romper o contrato a cumpri-lo, por conta da greve. Com a existência da nova legislação que obriga o caminhoneiro a descansar, eles também entraram em greve, o que agravou o problema”, disse.

Segundo ele, a demanda dos criadores pela venda balcão foi acima da esperada. “Fazemos venda balcão todos os anos, mas nesse, especificamente, houve um crescimento de 4.000%. Não tem como dar vazão a tudo isso com a estrutura que estávamos acostumados a ter”, afirmou, salientando, no entanto, que esse fato não se constituiu como uma das causas dos problemas enfrentados pelo programa.

Sobre a quantidade de milho disponibilizada, Nilton afirmou que já foram liberadas 400 mil toneladas do cereal, o dobro do que havia sido acordado anteriormente e ainda existem informações extraoficiais que dão conta de uma liberação, por parte do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), de mais 500 mil toneladas. “Esse número não é oficial. Já demos vazão a 3,5 mil toneladas e 16,8 mil toneladas estarão sendo contratadas nos próximos dias. Ou seja, com o fim da greve, o milho deverá chegar nos galpões nos próximos dias”, afirmou.

A Conab tem contado com o apoio do Governo do Estado para a distribuição dos grãos. “Ficou acertado que o Governo de Pernambuco faria o transporte imediato de quatro mil toneladas de milho. Nós vamos fazer a distribuição do milho para os oito pontos de distribuição do Estado - dois deles são da Conab (que ficam no Recife e em Arcoverde) e os outros seis foram montados pelo Governo para atender à demanda. Eles ficam em Caruaru, Garanhuns, Afogados da Ingazeira, Salgueiro, Ouricuri e Petrolina”, explicou o secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Ranilson Ramos.

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