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Mercado

16Jun2011

Uvas produzidas na Zona da Mata abastecem mercado nordestino

Elas nascem em pequenos cachos, são doces, e produzem duas safras anuais. No entanto, o que pouca gente sabe, é que as uvas denominadas Izabel (alguns afirmam ser uma homenagem à princesa responsável pela assinatura da Lei Áurea em 1888) são verdadeiras fábricas de medicamentos naturais. Seu consumo in natura ajuda a reduzir o colesterol, prevenindo as doenças cardiovasculares, é antioxidante, combate os radicais livres e ajuda no tratamento das úlceras do sistema digestivo. O mais interessante é que as uvas Izabel encontradas na grande maioria dos supermercados e feiras livres do Rio Grande do Norte até Sergipe são uma das bases da economia familiar, junto com a cultura da banana, de municípios como São Vicente Ferrer e Macaparana, ambos no Vale do Siriji, Zona da Mata Norte pernambucana. Em meio à paisagem acidentada, os parreirais se multiplicam há aproximadamente um século, quando foram trazidas pelos portugueses. Os campos de cultivo, explorados pelos pequenos agricultores locais, dão um colorido diferente à paisagem exuberante, com grandes áreas ainda preservadas de Mata Atlântica, com fauna e flora quase intocadas. A cultura divide lugar ainda com o cultivo do maracujá, pitanga e goiaba, mostrando que nem só da cana de-açúcar vive a Zona da Mata pernambucana.

INCENTIVO - O presidente do IPA, Júlio Zoé de Brito, já determinou a realização de estudos para a introdução de outras variedades na região, ampliando a oferta. Incentivador de todas as cadeias produtivas do Estado, o secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Ranilson Ramos, tem voltado os olhos para a região e assegura que é preciso dar aos pequenos produtores rurais, que por séculos viveram do corte da cana ou de pequenas áreas cultivadas, oportunidades de diversificar suas lavouras, como o que está sendo realizado com o Programa de Revitalização da Cultura do Algodão, em Surubim e 16 outros municípios tradicionalmente voltados ao seu cultivo. Seu José Ivanildo Cavalcanti de Farias é um dos agricultores que produz, longe do Vale do São Francisco, uvas de qualidade e sabor incomparáveis. Em apenas um hectare, ele retira mais de 15 toneladas de uvas, em duas colheitas. A receita gerada com as vendas corresponde a 50% dos recursos investidos. O negócio que passou de pai para filho e já vai para a terceira geração é tão lucrativo que a ideia é aumentar a área plantada em mais um hectare nos próximos dois anos. “Toda nossa produção, assim como as de nossos vizinhos abastece o mercado nordestino, indo de Natal a Aracaju”, orgulha-se. Para ele, além de uma alternativa de renda à cultura da banana, a uva é uma oportunidade de ganho extra, uma vez que, pode ser programada para acontecer em duas épocas distintas, alcançando melhores preços. De acordo com o diretor do escritório do IPA em São Vicente Ferrer, José de Souza, o município concentra 90% dos parreirais da região, com cerca de 500 ha. Macaparana vem em segundo, com 50 ha. O gerente Regional do IPA em Surubim, Francisco Lopes, também aposta na cultura como fonte de renda para os agricultores de base familiar. Os parreirais recebem assistência técnica do IPA, que tem ajudado a soerguer a economia da Mata Norte, pontilhada por engenhos abandonados e trabalhadores da palha da cana sem alternativas de renda.

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