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03Mai2013

Uma ajuda do leite em pó

A autorização do Ministério da Agricultura (Mapa) para que as indústrias da região Nordeste possam utilizar o leite em pó reconstituído para produzir o leite “longa vida” (UHT) deve ajudar a garantir o funcionamento de parte da cadeia produtiva, uma das mais afetadas pela seca. Em Pernambuco, a produção de leite foi reduzida a 30% do total no último ano por conta da forte estiagem que, além de matar parte do rebanho, fez os produtores abaterem e transferirem o gado para estados vizinhos.

Segundo dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), das 2,4 milhões de cabeças, foram transferidas para outros locais 370 mil. Outras 520 mil foram abatidas, enquanto 150 mil morreram em decorrência dos efeitos da seca. A produção de leite em Pernambuco, que já foi de 2,5 milhões de litros por dia foi reduzida a 700 mil litros por dia.

“As indústrias de laticínios estão comprando leite de Alagoas. Tem indústria que processava até 300 mil litros/dia e hoje não chega a 80 mil litros/dia, porque está comprando de Alagoas. Para a produção de laticínios, muitas estão comprando o leite em pó de cooperativas do Rio Grande do Sul. A medida vem também para evitar um maior número de demissões”, explica a gerente-geral da Adagro, Erivânia Camelo.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Pernambuco (Sindileite), Albérico Bezerra, 40% dos 250 mil trabalhadores da cadeia produtiva já foram dispensados. “Em toda a cadeia tem uma mão de obra que está subutilizada. Para recuperar os prejuízos serão necessários tempo e investimento em pastagens, construção de açudes de médio porte, recuperação do rebanho, entre outras ações”, explica Bezerra. Ele acrescenta que a autorização do Mapa também fará as indústrias economizarem com o transporte da matéria-prima, pois o transporte do leite líquido custa até 100 vezes mais do que o do leite em pó.

A adição de água ao leite em pó para produzir o leite de caixinha (UHT) foi autorizada pelo Mapa por três anos para os estados de Pernambuco, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Paraíba, Sergipe e Bahia. O Ministério da Agricultura ressalta que “apenas estabelecimentos sob inspeção federal nordestinos estão autorizados temporariamente a esse tipo de produção, limitada a 35% da capacidade de cada fábrica”. O leite reconstituído tem as mesmas propriedades do leite pasteurizado.

“Do ponto de vista nutricional, o leite reconstituído mantém o mesmo padrão do leite pasteurizado. O único problema seria a utilização de água não potável para fazer o procedimento. Por isso as entidades de fiscalização são rigorosas”, explica o chefe da Unidade de Inspeção Sanitária de Produtos da Adagro, André Sérgio Nogueira Dias.

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