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15Mai2012

Seca já encarece preço de produtos

A estiagem que afeta a região Nordeste já começa a ter impacto direto no preço de alguns produtos vendidos na Ceasa, entre eles, os mais afetados são o feijão, o milho e a abóbora. Com uma variação de 100% nos preços, em relação a maio de 2011, a mão do milho (50 espigas) que custava entre R$ 10 e R$ 15, está sendo vendida por preços entre R$ 20 e R$ 28. Neste caso, mesmo com 80% da produção que chega à Ceasa ser irrigada – o cultivo foi afetado pela escassez de água para a irrigação.

Com uma janela de chuvas entre os meses de outubro e abril – a região do semiárido é a que mais sofre com a estiagem, que já colocou 79 municípios pernambucanos em estado de emergência. “Em relação ao feijão, a maior parte do consumo de Pernambuco vem do Paraná, mas como os preços estavam muito baixos, alguns agricultores pararam de plantar. Justamente nesta época, quando deveria chegar o feijão da Bahia – a região, bastante afetada pela seca, não consegue atender a demanda”, explica Paulo de Tarso, diretor operacional da Ceasa.

A produção baiana caiu pelo menos 30%, somando-se a outros fatores que fizeram o preço do feijão disparar, ficando até 125% maiores. “Se em 2011, a saca com 30 Kg custava entre R$ 66 e R$ 70, hoje encontramos por até R$ 149. O consumidor já está sentindo no bolso. Algo que só deve ser revertido no médio e longo prazo, pois as produções já foram afetadas”, detalha Paulo de Tarso.

No caso da abóbora, o abastecimento é feito pelas produções do Maranhão, da Bahia e do Rio Grande do Norte – bastante afetados pela estiagem. Analisando imagens sobre o índice de vegetação do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o meteorologista Vinícius Gomes, da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), constata que 80% do semiárido nordestino sofrem com a seca.

Marcelo Asfora, diretor-presidente da Apac, aponta algumas regiões com apenas 5% de chuvas da média história – índice semelhante à estiagem de 1998, que resultou num severo período de seca. “O impacto é muito grande, principalmente nas áreas rurais. A maioria da produção é de sequeiro, dependente da incidência de chuvas. A falta de água já quebrou a safra, acarretando dificuldade para alimentar a população e os animais, para abastecimento de água e também a impossibilidade de pagar os empréstimos tomados por esses agricultores”, lembra, completando que pelo menos até a próxima janela de chuvas, em outubro, a estiagem deve continuar.

Asfora destaca que a maior preocupação é atender as populações, ajudando a gerarem algum tipo de renda – já que a principal atividade está impossibilitada. “Se a transposição do São Francisco já estivesse concluída, o Eixo Leste, através da Adutora do Agreste, atenderia pelo menos 60 municípios e 70 distritos. Através da Adutora do Pajeú seria possível abastecer uma grande parte dos municípios até Teixeira, na Paraíba – algo que amenizaria o impacto da falta de chuvas”, explica.

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