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26Mar2012

Safra de milho no Sertão prejudicada pela estiagem

No Interior do Estado, com mais evidência do que na Capital, tudo está relacionado à religião, em especial à Católica. E quando o assunto é a agricultura, isso não poderia ser diferente. Nesse contexto, a tradição diz que, se chover no dia de São José, comemorado na última segunda-feira, é hora de iniciar a plantação de milho, pois a safra será proveitosa. Contrariando os pequenos produtores, este ano, no Sertão, a chuva ainda não chegou. “Era para ter chovido desde janeiro e fevereiro. Normalmente, nesse período, teríamos 80% da plantação do pequeno produtor, mas nada foi plantado ainda, a não ser nos locais onde é irrigada e nos brejos de altitudes. A safra do sertão está comprometida”, avalia o pesquisador do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), José Tabosa.

E se depender da previsão climática, São Pedro não será nada gentil este ano. Isso porque, de acordo com as análises do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe) a previsão é de chuvas abaixo da média histórica, com 75% de probabilidade. “Em anos considerados normais, os valores médios podem oscilar em torno de 260mm. No Sertão do São Francisco, a previsão é de que haja os menores valores de precipitações pluviométricas no período. Já nos do Pajeú e Moxotó deve ocorrer os maiores valores”, explicou a pesquisadora do Lamepe, Francis Lacerda.

É por isso que a grande esperança, em termos de produção familiar, está no Agreste do Estado. Lá, a plantação só começa, de fato, nos meses de abril e maio. E, até lá, a chuva pode aparecer. “No Agreste a previsão é de chuvas normais”, diz Francis. Nesta região, os principais municípios produtores de milho são Camocim de São Félix, Chã Grande, Gravatá, Passira, Sairé e Vertentes.

Apesar da previsão de pouca chuva, no município de Chã Grande, a expectativa é de que a produção seja de 20 a 30% a mais que o ano passado, quando houve registro de considerável período de seca. Para incentivar o plantio dos agricultores familiares, a Prefeitura Municipal, desde 2005, iniciou o programa de semente, através da Secretaria de Agricultura. “Os objetivos são de distribuir a melhor semente (variedade hibrido 1051) e de chegar à época certa do plantio com a semente, que é distribuída em parceria com as 13 Associações Rurais de Chã Grande”, esclarece o secretario de agricultura, José Paulínio.

Este ano, foram distribuídas 15 toneladas (1,5 mil quilos) de sementes, para 750 agricultores familiares. “Uma média de 2 kg para cada família”, destrincha Paulínio. Da produção local, 80% é vendida para o Ceasa, 10% para Caruaru e 10% para as feiras da Região Metropolitana do Recife (RMR).
Com relação aos preços de vendas, o chefe do Setor de Informação do Mercado Agrícola (Sima) do Ceasa, Marcos Barros, diz que ainda é prematuro começar a falar nessa previsão, principalmente para o efeito do São João. “Pelo cenário nacional, do que acontece com o milho em grão, embora seja outro segmento, ele está muito valorizado e a oferta está apertada para a demanda. Então, acredito que possa haver majoração desses preços em relação ao ano passado, quando a mão de milho (50 espigas) custou em média R$ 25”, acredita Barros.

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