SANHARÓ Quem passa pela BR-232, no município de Sanharó, no Agreste, pode notar o crescimento do comércio que surgiu às margens da rodovia, nos últimos anos. Embalados principalmente pela venda de queijo, carne de sol e produtos regionais, como doces e linguiças, pelo menos dez estabelecimentos surgiram no local, que se tornou ponto de parada de quem viaja pela região. O aumento da demanda aqueceu também a produção de leite, movimentando a pecuária, principal atividade econômica da cidade.
Um dos primeiros a descobrir a potencialidade da área foi o comerciante Evanildo Manoel Valença Batista, 38 anos. Ele tinha uma pequena loja na entrada da cidade e, há cerca de oito anos, se mudou para as margens da BR-232. Aqui, fomos aumentando a estrutura e a quantidade de mercadorias. Hoje nem sei dizer quantos produtos vendemos, conta.
No local, também funciona uma lanchonete, dirigida pela esposa dele, Silvana Bezerra Calado Batista, 32 anos. Ela lembra que antes o casal trabalhava com apenas um funcionário. Atualmente são nove. No começo não vendíamos nem dez por cento dos produtos que vendemos hoje. A maioria dos compradores passa pela rodovia, tanto do Sertão para o Recife, como no sentido inverso, diz.
O casal vende cerca de 2,5 mil quilos de queijo e, em média, mil quilos de carne de sol por semana. Entre os produtos comercializados estão linguiças de vários tipos, doces, manteiga de garrafa e farofa de queijo.
O sucesso dos pioneiros levou a abertura de novas lojas de produtos regionais. João da Silva Soares, 50 anos, deixou de ser caminhoneiro para se dedicar ao comércio. Há dois anos, ele aproveitou o quintal da casa para abrir um estabelecimento, onde vende até galinha de capoeira e doces feitos em casa. Deixei de ser caminhoneiro e agora sirvo os amigos da estrada, brinca.
A diversidade e a qualidade dos produtos tornaram a área ponto de parada para quem quer fazer lanches ou levar produtos para casa. Um dos que já se acostumaram com a parada foi o vendedor Airon de Souza Torres, 46 anos, que esta semana fazia compras com a família, quando viajava de Custódia, no Sertão, para o Recife. Sempre paro aqui, o preço é quase o mesmo dos outros locais, mas gosto da qualidade dos produtos, diz.
O comércio de queijo às margens da BR-232 no município, entretanto, não começou nessa área. O comerciante José Alves da Costa, 53 anos, conhecido como Zezinho do Queijo, já vende seus produtos há cerca de 20 anos, mas sua loja fica antes da entrada do município. Os estabelecimentos que estão aparecendo mais na frente, entre eles, uma casa de ordenhadeiras, surgiram nos últimos oito anos.
O aumento das vendas de queijo e de produtos derivados do leite estimulou o número de fabricas, beneficiando os pecuaristas da cidade, que agora têm mais opções para vender o leite. De acordo com a Secretaria de Agricultura de Sanharó, são pelo menos dez fábricas de queijo com boa capacidade de produção.
O queijo é produzido artesanalmente nas fazendas. Também temos pelo menos duas fábricas de doces na cidade e a venda de muitos doces caseiros, diz o secretário de Agricultura, Hermógenes Monteiro Galvão. Segundo ele, parte do queijo produzido é comercializada no município e outra parte segue para o mercado de cidades como Recife.