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Mercado

23Mai2012

Produtos típicos do São João já estão mais caros

Quase 90% das vendas do milho no ano, dentro dos supermercados do estado, ocorrem no mês de junho. A procura se deve à celebração das festas juninas, que têm no produto o principal ingrediente dos pratos típicos da época. Apesar da escassez do milho no mercado, devido à seca nas regiões produtoras, os supermercados garantem que não ficarão desabastecidos. Mas o consumidor deve preparar o bolso: o preço do produto mais que triplicou em relação ao ano passado. A mão de milho com 50 espigas, que era vendida por R$ 10 em 2011, está sendo comercializada por R$ 35. Itens como pamonha, canjica e bolo de milho podem ficar até 30% mais caros.

Everluce Pinheiro, dona da Tortele, já fez as contas. O bolinho de milho com 600 gramas, que custava R$ 10, precisará ser reajustado para R$ 13. Ou seja, um incremento de 30%. De acordo com a sua receita, a mão de milho rende nove bolinhos. “No ano passado, para fazer essa receita, gastava R$ 10 com o milho. Agora, para esta mesma quantidade de bolinhos, estou gastando R$ 35”, reclama. Na Pão Massa, na Madalena, os derivados do milho estão 15% mais caros. A pamonha já subiu de R$ 2,80 para R$ 3,20. O quilo da canjica também passou de R$ 16,90 para R$ 18,90. E o bolo de milho, de R$ 18,90 para R$ 21,90. “No ano passado, quando chegou próximo do São João, o preço do milho caiu muito, porque choveu. Neste ano, o cenário está imprevisível. A tendência é que fique ainda mais caro”, aponta a proprietária Cristina Santos.

A pior seca dos últimos 40 anos afetou a produção do grão no estado. O volume de entrada do produto sofreu uma redução de 2,26% neste mês, no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE). A participação do milho produzido no estado, que era de 93% em 2011, caiu para 82%. Apesar disto, as grandes redes garantem que não faltará milho nas gôndolas, durante o mês de junho. Nas lojas do Bompreço, a previsão é que, no fim deste mês, o produto chegue às lojas, conforme ocorreu em 2011. “Estamos em busca de vários fornecedores em Pernambuco e em outros estados do Nordeste. Como não temos certeza de qual lugar virá o produto, ainda não é possível precisar se teremos aumento no preço do item, que dependerá também dos custos com o transporte da mercadoria. Mas o Bompreço negociará ao máximo com o fornecedor para que o consumidor não pague a mais pela escassez do milho”, informou em nota.

As redes Extra e Pão de Açúcar já estão com milho para o São João nas lojas. Segundo o grupo, os principais fornecedores estão bem estruturados e a companhia acredita que não haverá problema de volume e abastecimento. “Apesar de contar com centrais de distribuição no Sudeste e Centro-Oeste, as lojas do Nordeste não devem trazer milho dessas regiões, pois os fornecedores locais garantiram o abastecimento”, afirmou através da assessoria de imprensa.

O diretor técnico operacional do Ceasa-PE, Paulo de Tarso, diz que a seca afetou o “milho sequeiro” ou de chuva, que representa 30% do produto ofertado no período junino. “A maior parte é de irrigação, que não foi tão prejudicada. Por isso, a oferta está garantida para o São João”, garante ele. De acordo com o Ceasa, a previsão é que a variação da mão de milho em junho fique entre R$ 15 e R$ 30.

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