A medida prudencial do Banco Central (BC) para desvalorizar o Real frente ao Dólar está sendo bem aceita principalmente entre parte dos empresários e produtores do Vale do São Francisco, Petrolina (Sertão de Pernambuco). Com uma produtividade de aproximadamente R$ 1 bilhão gerados e a criação de 200 mil empregos no seu mercado interno, a região passou por extrema dificuldade durante a crise econômica mundial, mais intensamente no ano de 2008.
“Temos que adotar a cautela, não sei se deve ser melhor o resultado deste ano. O Dólar tem que mexer, tem que ser implantada alguma política agrícola para o setor. Mas achamos que a medida aplicada é boa e temos esperança de um bom resultado”, disse o presidente da Associação dos Produtores e Exportadores do Vale do São Francisco (Vale Export), José Gualberto. A Vale Export representa 300 membros, entre empresários e cooperativas. O foco das vendas está na uva e na manga.
De acordo com Gualberto, a média de vendas em exportações até o ano de 2007 estava em US$ 200 milhões. Em 2008, com a turbulência financeira, a queda foi da ordem de 25% a 30%, ou US$ 160 milhões. Em 2009, houve a recuperação com a média de US$ 200 milhões e 2010 serviu para estabilizar essa conta com a manutenção do volume de vendas. “Porém, tivemos uma queda no valor da comercialização de acordo com o Real, já que o Dólar sofreu uma baixa em torno de 10%”, explicou. Gualberto não quis dizer se a expectativa para 2011 é de crescimento tendo em vista a provável valorização do Dólar para R$ 1,80, como vem sendo colocado.
A Cooperativa Agrícola dos Produtores Irrigantes do Vale do São Francisco, que há exato um ano deixou de ser associação, espera um crescimento de 10% na comercialização dos produtos. “Somos 30 integrantes que fazemos as vendas para empresas exportadoras. O nosso foco é a comercialização da acerola verde, que encomendamos para oito clientes dos 12 que temos na nossa carteira”, diz o responsável pela área comercial, Genildo da Cruz. Com as perspectivas boas, eles esperam atrair para o grupo 130 produtores que comercializam através da cooperativa.
E a melhora nos lucros vai fazer com que os associados possam contribuir com montantes mais elevados na taxa de administração, que é de 10% em cima das vendas. “A gente espera que a situação melhore com a medida do Governo (de determinar que as instituições financeiras terão de recolher sob a forma de depósito compulsório parte dos dólares que vendem sem ter)”, afirmou Genildo. Por dia, são vendidas 154 toneladas de acerola nas agrovilas do projeto de irrigação Senador Nilo Coelho. São disponíveis 1.100 hectares para o cultivo da fruta.