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25Jul2012

Preço do milho terá impacto no frango

Talvez o consumidor não dê muita importância à quebra de safra de milho e soja nos Estados Unidos, mas a ligação dessas commodities com o seu dia a dia vai se impor. Com a seca que assola a agricultura norte-americana, aumenta a demanda mundial pelos grãos, o que empurra para cima seus preços em todos os países consumidores, inclusive o Brasil. Componentes importantes da ração animal, esses insumos estão na iminência de encarecer os alimentos no supermercado, especialmente o custo do frango.

Maior produtor mundial de milho, os EUA respondem por 30% do fornecimento de grão no planeta. Com a severa escassez que estão enfrentando, a expectativa é que as exportações caiam e eles até importem milho. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) prevê que 38% da área cultivada esteja comprometida. Com a soja, não é diferente: 30% das terras ocupadas pelo grão estão em péssimas condições.

Por outro lado, apesar da estiagem atingir a produção brasileira no Sul do País, a projeção para a produção nacional é de recorde. A “safrinha” de milho – que é o plantio fora da safra principal – está estimada em 39 milhões de toneladas, o maior volume até então, e a soja deve render 23 milhões de toneladas, 8% acima da safra anterior. Todo esse contexto pressiona os preços, referenciados pela Bolsa de Chicago (EUA). A soja, que já vinha apresentando alta da demanda, já acumula mais de 7% de alta no mês e ultrapassa 30% no ano. A saca de milho tem registrado aumentos de até 40%, chegando a R$ 25 a saca de 60kg.

O coordenador do curso de Economia da Faculdade Boa Viagem, Antônio Pessoa, explica que o impacto desse movimento de alta é difuso: vai para outras áreas do setor primário, na ração de animais e em derivados com ovos e leite, até a indústria e o comércio, onde bate no bolso do consumidor. Isso porque o preço do mercado mundial sobe e os do Brasil são equalizados, além de deixar as exportações mais atraentes para o produtor brasileiro, diminuindo a margem para o consumo interno.

Já o presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli diz que os agricultores não podem fugir dessa interdependência de preços. “O que precisamos é de uma boa infraestrutura logística, que é péssima no Brasil, e de políticas públicas de incentivo, como ocorre nos EUA e em todos os países onde há agricultura forte”, comenta, ao esclarecer sobre o aumento “automático” de preços.

Contudo, para o superintendente de Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Eduardo Tavares, considerando a manutenção desses cenários, os reflexos nos preços ao consumidor devem demorar cerca de um mês para chegar. “Tenho comigo que esse efeito dos preços tem um pouco de especulação. Nesse momento as produtoras utilizam seus estoques próprios e recuam”, avalia o gestor.

Responsável por acompanhar o mercado agrícola – inclusive com compra de produção –, a Conab atualmente não opera com soja. Com o milho, a estratégia tem sido incentivar a venda para quem vai levar o grão até as regiões que passam por seca, como o interior do Nordeste.

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