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03Dez2014

Por que dizer não aos agrotóxicos?

Pedro Luiz G. Serafim da Silva

Procurador Regional do Trabalho e

coordenador do Fórum Nacional de Combate

aos Impactos dos Agrotóxicos

plserafim@gmail.com

Três de dezembro de 1984. Há 30 anos explodia na cidade do Bhopal, Índia, uma fábrica de agrotóxicos pertencente à Caribe Union, hoje Dow Chemical. Na tragédia morreram mais de 15 mil pessoas, dentre trabalhadores e moradores da cidade, e mais de 500 mil foram intoxicadas e ficaram com sequelas irreversíveis. A tragédia deu surgimento ao Dia Internacional de Combate ao Uso de Agrotóxicos.

Bhopal nos faz lembrar a que aconteceu em Paulínia, São Paulo, tornada público há mais de 10 anos, e que resultou na contaminação do meio ambiente, intoxicação e morte de trabalhadores e cidadãos do entorno da empresa. Um diferencial assustador é que o caso de Paulínia não explodiu como o da Índia, mas aconteceu de forma paulatina e silenciosa no percurso 'regular' de uma fábrica de agrotóxicos que funcionava legalmente. A indenização milionária imposta pelo judiciário não resolveu o problema das famílias e comunidade, tampouco do meio ambiente contaminado até hoje. No final, o passivo social (adoecimento) e ambiental são assumidos por toda a sociedade, num desrespeito ao princípio constitucional do poluidor-pagador.

Os dois eventos têm vinculação estreita, exigindo uma atenção especial da sociedade, através dos movimentos sociais vinculados à proteção da saúde e do meio ambiente, e do governo brasileiro, através de sues agências e órgãos reguladoras de âmbito nacional, estaduais e municipais. A preocupação aumenta quando o Brasil, desde 2008, assumiu o lugar de maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Tal pódio, que não deve ser comemorado, vem atraindo a atenção de empresas multinacionais de fabricação de tais venenos.

Diante dos fatos, os Fóruns Nacional e Estaduais de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, em conjunto com a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, lançam movimento nacional no qual alertam e conclamam a sociedade, academias, sindicatos, donas de casa e o cidadão (consumidor) em geral para os impactos causados pelos agrotóxicos, pedindo o banimento de agrotóxicos já banidos em outros países, a proibição da pulverização aérea, o fim das isenções de impostos dadas aos agrotóxicos, a criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, apoio e incentivo à agroecologia, o controle e monitoramento da água e uma comida sem venenos.

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