Os produtores precisam estar alertas, principalmente para a adoção de soluções apresentadas pela pesquisa e que não vêm sendo observadas. Segundo Selma Tavares, pesquisadora da Embrapa, os problemas causados pelos fungos não são novos. Há pelo menos dez anos eles foram identificados nos pomares da região. O aumento da sua incidência, porém, coincide com a ampliação do uso da técnica de indução floral na cultura da manga. Esta técnica, em virtude das alterações fisiológicas e imunológicas, deixam a planta predisposta à instalação dos fungos.
São dois fungos de nome complicado, Botryodiplodia theobromae e Fusarium subglutinans, estão infestando os pomares de manga da Região Nordeste. No ano passado, a intensidade dos seus ataques à cultura causou perdas significativas, com prejuízos estimados em 400 mil dólares, segundo a pesquisadora Selma Tavares, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Nas plantas, o Botryodiplodia e o Fusarium levam ao secamento das inflorescências, a queda das flores – batizada pêlos produtores como pela da mangueira – e impede o pegamento dos frutos. Num estágio mais avançado, leva a planta à morte. Os problemas de perdas de inflorescências tem sido maiores em pomares que recebem os hormônios retardantes paclobutrazol e Etrel, associado à prática do estresse hídrico para a paralisação do crescimento vegetativo da planta. Quanto maior estes estresses, maiores os problemas, garante a pesquisadora.
A pesquisadora, que trabalha na Unidade Embrapa Semi-Árido, diz que a crescente quantidade de plantas doentes pode ser estancada e o fungo controlado. Para isso, enfatiza ela, é preciso que os produtores passem a observar com rigor as recomendações técnicas da pesquisa. Desde que foram anotados os primeiros sintomas do ataque do Botryodiplodia na região, a Embrapa Semi-Árido tem alertado os manguicultores e apresentado soluções que, manejadas de forma integrada, seriam capazes de controlar o fungo e impedir sua disseminação ou severidade. No entanto, assegura Selma, os produtores têm adotado apenas algumas das medidas sugeridas e, mesmo assim, de forma descontinuada, o que faz persistir e aumentar o potencial de ataque dos fungos. Para Selma, não se pode pensar em apenas uma solução para o controle desses fungos, mas em várias, que devem ser aplicadas de maneira integrada. Veja como o produtor deve agir para combater os fungos, na seção FRUTICULTURA deste site.