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30Mai2012

Perda de 30% no rebanho bovino

Caminhando pelo Síto Roça Velha, na zona rural de Salgueiro, no Sertão, o vaqueiro Alcion Luiz de Souza, 32 anos, reconhece as carcaças daquilo que um dia representou a riqueza do lugar. “Aquele ali morreu faz 15 dias. Aquele outro na semana passada”, lembra, enquanto aponta para os restos dos animais. Somente na propriedade que está sob sua administração, foram 26 bovinos engolidos pela seca. Para não verem seus rebanhos definharem, muitos criadores estão levando os animais para outros estados do Nordeste e do Norte em busca de alimento e água. Mais de 70 mil já saíram de Pernambuco neste ano. Outra parte que não consegue cruzar as divisas está indo parar na mesa. Rebanhos inteiros chegam a ser vendidos até pela metade do preço para o abate, enquanto a carne ainda tem valor. A Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária estima que, até o fim da estiagem, o estado poderá perder até 30% do rebanho bovino, que é de 2,4 milhões de cabeças. Esses animais terão ido para outros estados, para o abate ou mesmo morrido de fome e sede.

De acordo com a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária (Adagro), entre janeiro e 20 de maio, 953,2 mil animais deixaram sítios e fazendas no estado. No mesmo período de 2011, foram 512,3 mil. Do total deste ano, 71,4 mil foram levados para fora do estado. Pará, no Norte, e Maranhão, Ceará, Alagoas e Paraíba, no Nordeste, têm sido as rotas de fuga mais procuradas. Salgueiro e Serrita, no Sertão, e Itaíba, no Agreste, que se destaca pela produção de leite, são os municípios com as maiores baixas.

No Sítio Roça Velha, dos 146 animais, 49 já foram para pastos no Ceará. “Eles vão tratar de vender as vacas mais velhas e o que nascer por lá vai voltar pra cá. As que ficaram aqui vão ver se escapam, mas não sei se vão conseguir”, relata Alcion de Souza. Ele lembrou as secas que já viveu e concluiu que essa foi a primeira vez que precisou levar o rebanho para fora. “A gente sente muito quando vê o bicho que a gente criou indo embora, mas é melhor do que ficar para morrer de fome”, diz. Também em Salgueiro, no Sítio Roça Queimada, o agricultor Edvaldo Cícero Gondim, 34, vendeu 39 cabeças para o abate. Com pressa para não perder de vez os animais, o agricultor negociou vacas e bois que poderiam valer R$ 1,1 mil por R$ 600. Essa foi a saída encontrada para “salvar” o rebanho, já que o dinheiro não dava para alugar um pasto em outro lugar. Na propriedade, restaram quatro bodes e três garrotes magros.

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