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Mercado

26Jun2011

Orgânicos ainda longe das redes

Você compra produtos orgânicos no supermercado? Caso sua resposta seja sim, pode se considerar uma pessoa de sorte. De acordo com dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os alimentos livres de agrotóxicos estão presentes em apenas 27% dos estabelecimentos do país. Em Pernambuco, apesar de não existirem dados oficiais, o diagnóstico é ainda pior: só 10% das redes de mercados comercializam orgânicos. E de R$ 100 vendidos dentro dessas lojas, apenas R$ 0,54 são lucrados com a comercialização desses produtos. Encontrar um motivo ou culpado para a baixa aderência das redes a este tipo de alimento, mais saudável para a população, é tarefa tão difícil quanto encontrar os orgânicos no mercadinho do seu bairro.

Para os agricultores, as redes de supermercados não entendem a dinâmica de produção dos orgânicos. “Os mercados querem duas coisas: beleza e quantidade. Eles não se importam com a qualidade dos produtos, que é justamente o diferencial dos orgânicos. Já fizemos várias tentativas de fortalecer as vendas para supermercados, inclusive grandes redes, mas sempre colocam obstáculos”, explica Paulo Santana, diretor do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), órgão responsável pelo treinamento dos agricultores. Por esse motivo, a maioria das produções pernambucanas está sendo destinada às feiras, onde a venda é direta.

Já para Djalma Cintra Júnior, vice-presidente da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes), a dificuldade da relação entre os estabelecimentos e os agricultores locais está na irregularidade da produção. “Eles querem vender quando sobra. Primeiro, negociam nas feiras e, quando há excesso, procuram os supermercados. Só que os clientes não aprovam esse tipo de conduta”, diz Cintra.

Para o representante da Apes, a solução pode estar numa mudança cultural. “O consumidor não entende que nesta semana o alface está grande e na outra está menor. E os produtores também não entendem que os supermercados são um nicho de negócios que precisa de exclusividade e regularidade”, critica.

Enquanto isso, algumas redes dão exemplos de como vencer os entraves da comercialização. O grupo Pão de Açúcar, que aderiu à venda de alimentos sem agrotóxicos há 10 anos, já tem mais de 750 itens do tipo disponíveis em suas lojas. Mas a representatividade ainda é pequena: de todas as vendas de hortifrutigranjeiros realizadas nas lojas do grupo, os orgânicos correspondem a 3%.

Uma das responsáveis por isso é a médica Elizabete Bezerra, que costuma comprar orgânicos na unidade do Parnamirim, zona norte do Recife. “Eu gosto de ir nas feiras, mas como elas ocorrem muito cedo, às 5h da manhã, às vezes não tenho tempo. O supermercado traz mais conforto e está aberto 24 horas”, defende. A empresária Betânia Sette, também cliente da rede Pão de Açúcar, concorda. “Eu acho mais fácil e prático comprar nos supermercados porque você resolve tudo de uma vez, porém a conservação dos orgânicos aqui é pior. Na feira você encontra produtos mais frescos”, ressalta.

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