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Mercado

14Mai2012

O futuro do Vale no suco de uva

Aregião do Vale do São Francisco, no Sertão do estado, passa por um processo silencioso de readequação de sua produção de uva, em um momento em que os holofotes estão voltados para a indefinição por parte do governo federal na adoção de limites à importação de vinhos, por conta da baixa competitividade do vinho nacional. Empresários e produtores locais estudam alternativas para o setor vitivinícola, como o plantio de novas variedades para a produção de sucos de uva.

É o caso da fazenda Milano, da vinícola Botticelli, pioneira na produção de vinhos finos na década de 1980. Há cerca de seis anos o grupo investe em pesquisas de campo para produção de suco. O projeto já está em andamento com 15 hectares de uvas. “Estamos afinando o controle dos pomares e testanto variedades”, explica o empresário José Gualberto de Almeida. O produto já foi testado por consumidores e passará por ajustes. “Estamos também verificando o mercado”, diz Gualberto.

Um dos problemas ainda é o custo elevado do suco de uva nos supermercados, em torno de R$ 5 a garrafa com 400 ml. “Para sermos futuramente competitivos seriam necessários 200 hectares em uvas plantadas para gerar uma produção de 9 milhões de litros por ano”, estima. Segundo ele, a vinícola estuda um modelo de produção que contemplaria 60 hectares próprios plantados associados a 140 hectares de pequenos e médios produtores.

Com proposta em escala menor, a vinícola Bianchetti desde o ano passado apostara no cultivo de variedades para suco e já experimenta resultados positivos. Estão associando a produção dos seus quatro hectares à compra de variedades de terceiros para viabilizar a produção de sucos brancos, rosados e tintos. Hoje, sua produção é estimada em 13 mil garrafas de suco integral orgânico (500 ml) por ano e de 15 mil garrafas (750 ml) de suco convencional integral. “Acredito bastante no suco. Temos feito degustações do nosso produto e a partir deste mês estamos vendendo na rede de supermercado Arco-Íris”, afirma.

O suco de uva também é para João Santos, vice-presidente do Instituto do Vinho e diretor técnico da vinícola ViniBrasil, uma solução viável a médio prazo. “Temos dois milhões de uvas por ano e podemos transformar isso em novos produtos”, afirma. “A partir do momento que temos uva para vinho e estamos com dificuldade de vendê-lo, pensamos em todas as alternativas”, diz. Há alguns meses, a vinícola passou a engarrafar o frisante Bliss. Santos crê na viabilidade da produção de suco com as mesmas variedades utilizadas na produção de vinhos finos, que já é realidade na Europa há décadas. Mas ainda é preciso estudar o mercado.

De acordo com informações do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o mercado interno para os sucos de uva é promissor. No ano passado, houve um acréscimo de 30,4% na venda do suco 100% uva (sem adição de água nem açúcar). A produção de suco natural foi de 41,6 milhões de litros em comparação a 2010, que totalizou 31,9 milhões de litros. Produtores do Rio Grande do Sul, como a Casa Valduga, já estão de olho e planejam negócios na região, como a produção de sucos e geleias em Juazeiro, na Bahia.

Saiba mais

Marcos na produção de vinhos do Vale do São Francisco

Década de 1960

Produção de vinhos para Vermute em Floresta (PE)
Produção de uvas de mesa em Belém do São Francisco (PE)
Produção de uvas de mesa em Coripós, atual Santa Maria da Boa Vista (PE)

Década de 1970

Produção de uvas de mesa, em Santa Maria da Boa Vista (PE)
Produção de uvas de mesa em Vermelhor, Lagoa Grande (PE)

Década de 1980 produção de vinhos finos

Implantação de uvas viníferas
Início da produção de vinhos finos

Década de 1990
ampliação

Implantação de indústrias em Lagoa Grande (PE)

Década de 2000
consolidação do polo vitivinícola

Modernização e ampliação de vinícolas existentes e implantação de novas vinícolas em Lagoa Grande
Pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica
Criação da Fundação do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco - Vinhovasf
Fonte: Gabriel Maciel-AD/DIPER

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