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16Nov2011

Novos tipos de uvas para mesa

A necessidade de reduzir os custos e adequar a produção de uvas sem caroço a uma mudança climática na região do Vale do São Francisco está fazendo instituições de pesquisa e produtores da região se unirem para identificar novas variedades que se adaptem ao clima e ao solo da região. O projeto, desenvolvido ao longo de cinco anos, testará 76 variedades de uvas de mesa sem caroço, com o intuito de identificar entre 10 e 15 tipos que se adaptem às condições do Vale.

Ao todo, serão investidos R$ 2,973 milhões provenientes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e da Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco até 2015. Entre os parceiros, estão a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o grupo Labrunier (maior produtor de uvas de mesa do Brasil) e empresas que pesquisam melhoramento genético da Califórnia (EUA), da África do Sul e da Espanha.

“Antes da crise financeira e da valorização do real diante do dólar, os produtores conseguiam compensar o custo elevado com a diferença cambial. Com a queda na cotação do dólar e mudanças climáticas que exigiram alterações operacionais na produção e na colheita, ficou mais urgente a pesquisa de novas variedades de uvas adaptadas ao Vale do São Francisco”, explica Daniel Watanabe, diretor da Labrunier.

Watanabe detalha que o período de chuvas, que antes iniciava na primeira semana de novembro, nos últimos cinco anos passou a acontecer a partir da segunda semana de outubro. A antecipação diminuiu o período da colheita em pelo menos quatro semanas, já que as uvas não resistem bem às chuvas.

“Isso gera um problema operacional: é preciso colher em menos tempo; e um problema de mercado, já que a colheita coincidia com uma janela de vendas para a Europa e os Estados Unidos, entre novembro e janeiro. Se a gente colhe muito cedo, é preciso armazenar e embarcar as frutas de modo a garantir que elas mantenham as perfeitas condições até o período que o mercado se abre para as frutas brasileiras”, completa o empresário.

A pesquisa deve ter os primeiros resultados em 2012, mas deve ser concluído apenas em 2015, já que as videiras demoram até quatro anos para atingir a maturidade. A meta é identificar variedades de uvas mais resistentes a chuvas moderadas, com maior produtividade (até 30 toneladas por hectare), com sabor mais marcante e resistentes a pragas (evitando ao máximo o uso de agrotóxicos). O projeto também pretende retomar a possibilidade de duas safras por ano na região do Vale do São Francisco, prejudicadas com as mudanças no clima.

Nada menos que 90% das exportações de uvas do Brasil saem do Vale do São Francisco. O país chegou a exportar 67 mil toneladas de uva, ou 5.578 contêineres em 2008. De lá pra cá, a crise financeira, o câmbio desfavorável e as questões climáticas fizeram o número baixar para 51 mil toneladas (4.282 contêineres) em 2010 – marca que deve se manter em 2011. Os principais mercados são os Estados Unidos (30%) e a Europa (70%).

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