Lavouras de soja em várias regiões do Brasil com manchas em reboleiras, onde as plantas ficam pequenas e amareladas, revelam um mal escondido: os nematóides, vermes não visíveis a olho nu, que provocam lesões nas raízes da soja, comprometendo o sistema de absorção de água e nutrientes.
No Brasil, há quatro tipos de nematóides que provocam prejuízos à soja: dois de galha, um de cisto, o reniforme (fêmeas adultas com formato de rim) e o das lesões radiculares, chamado de Pratylenchus. Este último, atualmente, vem sendo motivo de preocupação, especialmente na região central do Brasil.
“De modo geral, há duas estratégias principais para o controle de nematóides em soja. A rotação de culturas e a resistência genética. As duas devem sempre ser usadas de forma combinada. No caso do Pratylenchus, não há fontes conhecidas de resistência, por isso é importante uma mudança de atitude do produtor”, explica Waldir Pereira Dias, pesquisador da Embrapa Soja. Essa mudança implica em romper com a “ponte verde”, ou seja, em evitar o cultivo sucessivo de soja-milho safrinha, sem resguardar um período entre a colheita da soja e o plantio do milho. “Sabemos que na ausência de hospedeiro, a população de nematóide cai significativamente, por isso é importante interromper a fonte permanente de alimentos”, explica Dias. Também é importante fazer o controle das ervas daninhas e da soja tiguera.
Na região Central do Brasil, os danos por nematóides são mais significativos, porque a temperatura e a umidade são mais favoráveis a sua multiplicação. A incorporação de solos arenosos também agrava o problema. Em regiões onde os solos são mais argilosos, tem mais matéria orgânica e as chuvas também são mais bem distribuídas, como no Sul do país, é mais difícil perceber o ataque de nematóides nas lavouras, porque geralmente não há sintomas visíveis nas plantas. “Nesses casos, o produtor deve fazer a coleta de amostras de solo e raízes de soja e encaminhá-las a um laboratório de nematologia”, detalha. Nas propriedades que não adotam a rotação de culturas, a tendência do problema com nematóides é se agravar cada vez mais. Os nematóides podem sobreviver no solo por mais de oito anos. “A gravidade do problema dependerá do ano e da forma como o agricultor vai conduzir a lavoura”, alerta o pesquisador.