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16Nov2014

Flores substituem morangos

Quem trafega pela BR-232, principal via que liga o Recife ao interior de Pernambuco, conhece um comércio informal peculiar quando corta o perímetro urbano de Gravatá, a cerca de 85 quilômetros do Recife. À beira da estrada, ambulantes ainda resistem e, em barracas de madeira e lona, vendem morango. Engana-se quem pensa que a fruta que come, comprada na 232, é produzida lá. Basta conferir o rótulo da embalagem.

Símbolo da cidade até poucos anos atrás, o plantio do morango foi aniquilado por outra atividade não menos rentável. O novo oásis está localizado no Brejo, mesma região onde o morango reinou e, hoje, em estufas escondidas entre morros, brotam espécies coloridas e repletas de beleza. Há ao menos cincos, ninguém planta morango em Gravatá. Agora, as flores dominam a paisagem e os negócios na zona rural da cidade.

“Plantei morango, maracujá e criei gado. O que deu retorno foi o plantio de mudas de flores”, diz o técnico agrícola e produtor Emanuel Messias do Nascimento, 32. No sítio de 5 hectares, Messias cultiva 25 variedades de mudas em 40 estufas equivalentes a cerca de 8 mil metros quadrados de plantio. Começou, em 2007, com uma produção de 4 mil mudas por ano. Hoje, produz 90 mil e ano que vem passará para 120 mil.

O cultivo de flores em Gravatá começou na década de 1960, mas apenas nos últimos 12 anos ganhou força e exterminou as poucas plantações de morango que ainda resistiam. A sazonalidade, além das variedades rústicas produzidas e os custos de produção, são algumas das razões que explicam o fim da cultura da adorável fruta vermelha. Tanto que desde 2009, os negócios com flores cresceram mais de 100%.

Segundo Lourenço Zarzar, agrônomo, produtor e presidente da Floragreste, associação com 27 produtores associados, o cultivo de flores é dominante no agronegócio de Gravatá, embora a maioria dos produtores atua na informalidade. Segundo a Floragreste, atualmente a floricultura emprega cerca de 3 mil pessoas, entre postos de trabalho diretos e indiretos, atacadistas e distribuidores.

“O morango era forte quando as espécies plantadas eram rústicas e produzidas com baixos custo e manutenção. Tentou-se cultivar variedades refinadas com mais tecnologia e técnicas de manutenção, adubos e ações contra pragas. Não deu certo e as flores, por causa do baixo custo e clima favorável, exterminaram o morango”, diz Zarzar.

No sítio de 6 hectares, os irmãos Ailton e Geraldo Souza plantam dez tipos de flores. A produção é vendida para Juazeiro do Norte (CE) e Campina Grande (PB) e rende, em média, R$ 10 mil/mês, apesar de quase a metade ser gasta com adubos, veneno contra pragas e frete. “A rotatividade das espécies nos dá colheitas toda semana”, diz Ailton.

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