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Mercado

24Set2011

Estoque para a entressafra

Distribuidoras serão obrigadas a manter armazenagem do etanol para tentar preservar preço final ao cliente.

Apartir de outubro, a redução do percentual da mistura à gasolina de 25% para 20% não será a única mudança no mercado de etanol. As distribuidoras também serão obrigadas a manter um estoque de, pelo menos, quinze dias. Esta é uma das medidas que serão adotadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) para evitar as oscilações de preço no etanol durante a entressafra da cana-de-açúcar. As altas acabam repercutindo no preço da gasolina, devido à adição do derivado da cana.

Até então, a regulamentação da produção do etanol estava sob responsabilidade do Ministério da Agricultura. A alteração da competência para o âmbito da ANP veio, primeiro, com a medida provisória 532, homologada em agosto deste ano, e foi ratificada com a entrada em vigor da lei 12.490, publicada no último dia 16. Agora a agência detém o controle de toda a cadeia do etanol.

“O Brasil cresceu muito na demanda por combustível, ao ponto de viver uma crise no abastecimento entre os meses de fevereiro, março e abril, por conta da entressafra da cana-de-açúcar. O preço do etanol chegou a custar mais de R$ 2. A agência está determinada a evitar essas oscilações nas próximas entressafras”, afirma um dos diretores da agência, Allan Kardec Duailibe.

Uma das medidas a serem tomadas pela agência será obrigar as distribuidoras a manterem um estoque de anidro (tipo de etanol adicionado à gasolina) para quinze dias, todos os meses do ano. “A questão já foi discutida em audiência pública e deve ser publicada uma regulamentação, dentro de quinze dias”, adianta Duailibe. De acordo com o diretor da ANP, estima-se que hoje as distribuidoras mantenham estoques por, no máximo, seis dias. Hoje, como não há exigência de estoques, no período de entressafra, falta o produto no mercado, pressionando o preço dos combustíveis.

Outra exigência que será feita às distribuidoras será a comprovação da compra do volume de etanol direcionado à mistura antes da compra da gasolina que, a partir de 1º de outubro, será de 20%. “Hoje, isso não é fiscalizado. Mas passaremos a exigir isso com maior rigor”, garante Duailibe. Com isso, a ANP espera que as distribuidoras abandonem à atual prática de compra direta para firmar contratos de compra com as usinas. “Somente a partir de contratos é que as usinas terão a garantia de venda do etanol”, defende Duailibe.

As usinas também estão na mira da ANP. O próximo passo será publicar uma segunda regulamentação, dessa vez direcionada aos produtores de etanol. A proposta inicial é obrigar também as usinas a fazerem um estoque de um mês, no dia 1º de abril. Neste mês, a safra do Centro-Sul está voltando a moer. E no Nordeste, a safra já se encerrou entre fevereiro e março.

Para o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha, as medidas são importantes porque estimulam as distribuidoras a firmarem contratos de compra. “As usinas precisam dessas garantias de venda para produzir”, defende ele. No entanto, cobra do governo financiamento aos estoques.

Ontem, superintendente e diretores ANP vieram ao estado e conheceram a Estação Experimental de Cana-de-Acucar de Carpina e a Usina Petribu, em Carpina. No grupo, Valmar Correa, Allan Kardec Duailibe, Florival Rodrigues de Carvalho, Carlos Orlando Enrique da Silva e Cintia Ticianeli, além do presidente do Sindaçúcar.

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