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05Abr2011

Dóla baixo faz produtor do Vale viver um dilema

   O Vale do São Francisco está agonizando.` É assim que o proprietário da Agrodan, Paulo Dantas, resume o desespero dos exportadores pernambucanos com as perspectivas nada positivas de queda do dólar neste ano. Só em abril, a moeda já atingiu duas vezes suas menores cotações desde 2008. Ontem, caiu 0,18% e terminou o dia a R$ 1,609 na venda. Neste cenário, os empresários acabam tendo a dura tarefa de escolher entre manter os preços praticados mesmo com a diminuição dos lucros ou aumentar os valores no mercado externo e perder competitividade.
   Para os fruticultores a situação se agrava. O setor acabou se especializando na exportação e não possui mercado interno suficiente para escoar o excedente gerado pelo aumento dos preços. Nós, por exemplo, enviamos para a Europa 95% da produção`, explicou Dantas. Como todas as negociações são baseadas no preço do dólar e os custos de produção no Brasil são altos, quem não consegue manter os preços acaba perdendo terrenopara os produtores do Chile e do Peru. Eles vendem mangas e uvas por até metade do preço dos fruticultores pernambucanos.
   Se continuarmos a trabalhar com esse câmbio, cerca de 80% das empresas exportadoras do Vale de São Francisco irão quebrar, porque somos atingidos duplamente`, enfatizou Paulo Dantas. Segundo ele, os produtores de outros países, que estão produzindo com um custo baixo e vendendo em dólar, têm livre passe para ´invadir` o mercado brasileiro. ´Fica impossível competir com os preços mínimos das gôndolas dos supermercados locais, e fica difícil competir com os preços dos outros exportadores, que têm incentivos dos seus governos. Logo, não temos mais fôlego para produzir.`
   José Gualberto, presidente da Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros do Vale do São Francisco (Valexport), concorda com o empresário e alerta que haverá demissões no setor. ´Acredito que cerca de 20 mil pessoas fiquem sem emprego até o final do ano, uma vez que o volume de vendas dos fruticultores pernambucanos irá diminuir, no mínimo, 15%.` Para ele, as medidas que o governo brasileiro deveria tomar seriam isentar de tributos as frutas que serão exportadas e liberar o uso de fertilizantes e inseticidas genéricos. ´Se o governo não consegue fazer o dólar subir, que seria o ideal, que pelo menos ajude os empresários a diminuírem os custos da produção.`
   Já para Dantas, a melhor solução seria que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fixasse uma taxa de câmbio mínima para proteger os exportadores brasileiros. ´O medo do ministro é fazer o dólar subir e acabar aumentando a inflação. Com uma taxa de câmbio pré-fixada para a exportação, o governo não precisaria se preocupar com isso. Seria uma espécie de subsídio para garantir a produção`, finalizou.

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