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28Mai2013

Comida parcelada no cartão

A alta de preços dos alimentos está corroendo o poder de compra do consumidor. Mais brasileiros estão parcelando a compra de comida no cartão de crédito, segundo uma pesquisa feita pela Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). Aproximadamente 11% dos cidadãos compraram produtos alimentícios parcelados usando o dinheiro de plástico no primeiro trimestre de 2013. Esse percentual era de 7% nos primeiros três meses do ano passado. Em março último, os alimentos subiram em média 1%, segundo informações do IBGE. Somente o tomate apresentou uma alta de 9,9% naquele mês.

“Geralmente, as pessoas estão mais endividadas no primeiro trimestre. Em 2013, tivemos uma alta de vários produtos alimentícios. Sobrou menos dinheiro para a compra dos alimentos. Isso é ruim porque pode fazer o consumidor ficar inadimplente com outros compromissos, como o aluguel, as contas de água, energia, escola dos filhos, a prestação do veículo, entre outros”, explica o economista do Centro de Pesquisa da Fecomércio-PE, José Fernandes de Menezes.

A longo prazo, Menezes acredita que o cidadão endividado não vai conseguir manter o mesmo padrão de consumo. “Ele vai começar a renunciar ao consumo, deixando, por exemplo, de viajar e comprar bens duráveis (como um carro, uma TV ou uma geladeira)”, diz. A economia desacelera mais ainda, quando há redução na compra desses bens. Para o economista, a dica para controlar o endividamento é sempre pagar o total da fatura do cartão de crédito. “Se o consumidor quitar o mínimo e ficar renegociando esse débito pode gerar um endividamento crescente que saia do seu controle”, comenta.

O representante comercial Alexandre Ruiz utiliza o cartão de crédito “para comprar comida nas emergências”. O seu grau de endividamento continua o mesmo do ano passado. “Não tenho salário fixo, por isso uso o cartão de crédito, mas sempre faço um esforço para pagar o total. Se pagar só o mínimo, complica a situação”, diz.

A pesquisa da Fecomércio mostra também que os consumidores estão parcelando mais a compra de roupa (que saiu de 25% para 28% dos entrevistados), quando se compara os três primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2012. Também saiu de 20% para 28% o total de consumidores que parcelaram a compra de um eletrodoméstico.

O estudo da Fecomércio foi realizado em parceria com o Instituto Ipsus. As instituições entrevistaram cerca de mil pessoas no período de 18 a 30 de março deste ano em Brasília e nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e Belém.

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