Um pequeno inseto ainda pouco conhecido dos produtores do Agreste pernambucano tem deixado as autoridades do Estado em alerta. A Cochonilha do Carmim, ou Dactylopius opuntiae, é uma praga que ataca a palma forrageira, que é utilizada como alimento dos rebanhos bovinos, caprinos e ovinos, e que até quatro anos atrás só estava presente no Sertão. A chegada da doença no Agreste põe em risco o principal motor da economia local, que é a produção de leite. Sem comida, o gado fica magro e a produção diminui. E como a palma forrageira é o principal alimento fornecido a esses animais, principalmente, nos períodos de estiagem, os produtores estão sendo capacitados para evitar que a doença se alastre.
De acordo com dados do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), os primeiros registros da Cochonilha no Agreste foram feitos em 2006, na cidade de Venturosa, distante 250 quilômetros do Recife. De lá, a praga chegou a Pedra, Buíque, Alagoinha, Capoeira e Itaíba. Agora, os municípios de São Bento do Una e Pesqueira estão na rota da doença. Por esse motivo, pesquisadores e técnicos do IPA estão realizando treinamentos e promovendo “Dias Especiais” com os produtores da região, com o objetivo de alertá-los sobre os danos que podem ser causados na produção local, bem como difundindo medidas para prevenir esses efeitos. “Estamos distribuindo raquetes e mudas de tipos de palma forrageira que são resistentes à Cochonilha do Carmim e capacitando os produtores sobre o plantio e a importância de adotar essas medidas”, afirmou o pesquisador do IPA, Djalma Cordeiro.
As três espécies de palma forrageira, difundidas pelo IPA, que são resistentes à praga são a Orelha de Elefante, IPA Sertânia e a Palma Miúda. Os produtores reconhecem a importância da prevenção, mas ainda não têm noção dos estragos que a doença pode causar. “A gente tem pouco conhecimento sobre essa praga, por isso acho importante procurar me informar para evitar o pior. Afinal de contas, é melhor prevenir, porque depois fica difícil de resolver o problema”, reconheceu o agricultor Sérgio Marcos Alves, da cidade de Altinho, no Agreste, que também tem a economia baseada na produção do leite. “Sem a palma, o gado fica sem receber a alimentação adequada e a produção leiteira se reduz drasticamente. E essa é a principal fonte de renda de grande parte dos agricultores familiares da região, por isso estamos realizando atividades voltadas para esses produtores”, enfatizou o veterinário e extensionista rural do IPA, Marlos Rêgo.
Em todo o Estado, segundo registros da Secretaria de Agricultura, há cerca de 2,3 milhões de cabeças de gado, o que coloca Pernambuco em destaque em relação ao Nordeste. A pecuária de leite tem se fortalecido nos últimos quatro anos e o Agreste desponta nesse cenário, concentrando 78% da produção de leite do Estado. Em 2000, Pernambuco tinha uma produção de 292 milhões de litros de leite e subiu para 726 milhões em 2008. O crescimento diário deu um salto de 800 mil litros/dia para cerca de 2 milhões litros/dia. Se compararmos aos dados brasileiros, é possível atestar que o País cresceu 40% no segmento, enquanto que o Estado teve um desempenho quase quatro vezes melhor, de 149%.