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05Set2011

China fará “logística” no Brasil

CHINA - Modernas rodovias cortam as áreas agrícolas chinesas. Das estradas, pode-se ver a concentração de guindastes em vários desses campos. A agricultura perde espaço para as indústrias, que exigem também a formação de novos bairros residenciais. Essa redução de área agrícola pode estar próxima de 100 mil hectares por ano, segundo algumas avaliações. Industrialização crescente e elevação de renda da população colocam novos consumidores no mercado.

Como a produção de importantes produtos para o país, como o milho, evolui 3% ao ano, mas o consumo cresce 5%, o país terá um gargalo à frente. Cientes da demanda crescente por alimentos, os chineses miram o Brasil. Depois de várias tentativas de participação no mercado brasileiro, que foram da produção própria à compra direta de grãos dos agricultores, aprenderam que o “custo Brasil” exige uma tática diferente. Agora, os chineses dão sinais de que, para ter a garantia de alimentos, devem formar empresas com brasileiros na área de logística - portos, transportes etc.

Foi o que manifestaram a produtores da Aprosoja (que reúne produtores de soja e de milho de Mato Grosso), que estiveram em visita ao país asiático há uma semana. A necessidade chinesa é grande, e o Brasil deve se aproveitar desse apetite. É hora, no entanto, de o país não colocar apenas a matéria-prima nas negociações, mas também produtos de maior valor agregado. As metas das empresas chinesas são ambiciosas.
O grupo Hope Full, que fornece 60% do óleo de soja de Pequim e tem moagem de três milhões de toneladas de soja por ano, se prepara para moer oito milhões. É um dos interessados em investir em logística no Brasil. A Shiyang Group, criada como produtora de ração, entrou em toda a cadeia de carnes, da produção ao varejo. Deve faturar 6 bilhões de yuans em 2014 (R$ 1,5 bilhão). Para chegar aos supermercados chineses, essas empresas passam pelo fornecimento de grãos do Brasil.
A área média de produção na China é de meio hectar por família, o que gera renda média de 7.000 yuans por ano, dependendo da utilização da terra. Essa renda corresponde a R$ 1.750 por ano. A terra não é do agricultor - e não pode ser comercializada. E o governo pode dar outro destino às propriedades. Foi o que ocorreu na vila rural de Luo Yinjun, perto de Tianjin, a 120 quilômetros de Pequim. O governo decidiu que a vila, de 264 hectares, será um centro industrial.

Luo vai trabalhar na construção e passará a ganhar 1.000 yuans (R$ 250) por mês acima do que ganha na lavoura. Mas Zhang Junhu, produtor de tomate em Yangling, nem pensa na possibilidade de deixar o campo. Mandou dois filhos para a universidade e continua vivendo do sustento de suas seis estufas. A mentalidade está mudando na China e os produtores eficientes começam a arrendar as terras dos menos eficientes.

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