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28Ago2011

Biotecnologia para a produção de alimentos

Considerado atualmente o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, com potencial de alcançar a primeira colocação neste ranking nos próximos 20 anos, o Brasil tem ganhado espaço no debate sobre a segurança alimentar. Nesta condição, o país pode se tornar parceiro estratégico de algumas regiões populosas do planeta – como a Ásia – onde a produção de alimentos não é suficiente para suprir as necessidades de seus habitantes.

“Com o crescimento contínuo das populações e áreas agrícolas cada vez menores, o foco deve se concentrar cada vez mais no aumento da produtividade. Neste ponto, ganham importância extrema as pesquisas envolvendo biotecnologia e melhorias no processo produtivo”, defende o pesquisador do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Geraldo Eugênio de França, ex-diretor executivo da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa).

França participou na última semana da Conferência Internacional Alimentar, realizada em Cingapura, onde foram discutidas as principais questões sobre a capacidade do mundo de produzir alimentos suficientes em relação à necessidade dos povos. Uma questão preocupante para os países que compõem a Asean (bloco econômico formado por 10 países asiáticos) é a falta de áreas para produção e a escassez de água para a agricultura.

Neste ponto, pesquisa e tecnologia são essenciais. “O mundo não pode se dar ao luxo de não pesquisar e também de não socializar estes resultados – que não podem ficar nas mãos de poucas empresas. Não é apenas produzir os alimentos, mas dispor deles, fazendo com que cheguem ao mercado”, explica Geraldo Eugênio.

Apenas nos países que compõem a Asean (Tailândia, Filipinas, Malásia, Cingapura, Indonésia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja) são cerca de 600 milhões de habitantes. Geraldo Eugênio lembra que estas nações estão em busca de parceiros confiáveis para o fornecimento de alimentos e considera que o Brasil pode ocupar esta posição.

O pesquisador defende que o fornecimento de alimentos pelo Brasil para outras regiões do mundo não afetará a produção para o mercado interno – que segundo Geraldo Eugênio poderia atender a uma população de até 400 milhões de habitantes. No caso dos países asiáticos, ele enxerga afinidades também em várias espécies cultivadas no Brasil, originárias dos países asiáticos (entre elas a cana-de-açúcar, as frutas cítricas e a soja). “Temos a possibilidade de trabalhar em conjunto também a questão da pesquisa genética”, aponta.

Como resultado da Conferência Internacional de Cingapura, o Brasil aderiu ao Fórum Internacional de Segurança Alimentar, coordenado pela Nanyang Technological University de Singapore.

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