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28Ago2013

Eduardo Daher diz que concorrentes concentram regulamentações num mesmo órgão

Logística e burocracia. Estes dois fatores podem ser responsáveis por prejuízos de até US$ 10

bilhões no agronegócio brasileiro neste ano. De um lado, o setor amarga onerosas esperas para

descarregar navios nos portos públicos nacionais. Do outro, faltam investimentos em inovação

tecnológica, o que favorece o ataque de novas pragas nas lavouras. As soluções para tais problemas

esbarram no Ministério da Agricultura, no Ibama e na Anvisa, que regulam e estabelecem

parâmetros para o segmento.

Para debater as barreiras do setor, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) fará em

parceria com a ONU o 1º Fórum de Inovação, Agricultura e Alimentos, em São Paulo, no dia 10 de

outubro. “Em vários países, como nos Estados Unidos e no Canadá – que são nossos principais

concorrentes no exterior –, todas a regulamentações estão concentradas em um mesmo órgão. Isso

facilita muito a agilidade nos processos”, explica Eduardo Daher, diretor executivo da Andef.

Segundo ele, a concentração desses poderes é uma demanda antiga. “O maior problema é a

morosidade, principalmente em situações de emergência. Quando a gente tenta trazer uma

substância nova para o país, que vai combater uma praga específica, às vezes o ministério autoriza e

a Anvisa diz não. Isso significa uma perda de tempo e de dinheiro.”

A questão se torna ainda mais grave com o aumento das infestações. A lagarta Helicoverpa

armigera, por exemplo, que até pouco tempo era desconhecida, já devorou US$ 1 bilhão – apenas

no primeiro semestre deste ano –, nas plantações de soja e algodão de diversos estados do Norte e

Nordeste. “A gente tenta trazer novos ingredientes ativos para o combate e não consegue, porque a

Anvisa não faz análise de risco. O procedimento correto seria educar os trabalhadores rurais e

produtores sobre a forma segura de usar determinados produtos”, diz Daher.

No que diz respeito à logística, o diretor afirma que os entraves também são grandes. Começam

pela falta de armazéns públicos para estocagem de grãos, passando pela ausência de investimentos

em ferrovias e manutenção de rodovias, e desembocam na deficiência de pessoal e corrupção nos

portos públicos, o que encarece os produtos agrícolas. “O Porto de Paranaguá (PR) já teve filas com

mais de cem navios para desembarcar e cada diária de um navio desses custa em média R$ 50 mil.

O produtor que encomendou o fertilizante ou o defensivo vai ter prejuízo e deve repassar parte

desse gasto para o consumidor final.”

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