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03Fev2014

A seca e as cisternas

Os sertanejos sempre foram pessoas fortes. A convivência com as seculares secas deve ter consolidado e temperado essa conduta, exaltada de maneira magistral pelo escritor Euclides da Cunha em “Os Sertões”, na parte em escreve sobre sob o fenômeno climático avassalador nunca resolvido, apesar de não ser impossível fazê-lo. Também o romancista alagoano Graciliano Ramos imortalizou o sério problema no romance intitulado “Vidas Secas”.

Nos anos em que Portugal nos dominava, o imperador Pedro II, sensibilizado com a inclemência de uma forte estiagem, prometeu que venderia as joias da Coroa para enfrentá-la. Pura retórica como se assistiria nos anos seguintes no Brasil.

A seca que ainda assola diversos municípios em nosso Estado é considerada a pior das acontecidas nos últimos 50 anos. Deverá ser atenuada com a construção de mais de 50 mil reservatórios de água, conhecidos como cisternas em 122 municípios. Deverão beneficiar o consumo da população vitimada pela estiagem, a pecuária que sobreviveu nestes anos recentes e aproveitada pelos que cultivam a terra calcinada.

A decisão envolve recursos de R$ 268,4 milhões, resultantes de uma parceria dos governos estadual e federal, valor que deve estar sendo liberado nestes dias, se é que já não o foi. O programa é denominado de “Cisternas”. 40 mil cisternas servirão ao consumo das pessoas e 12 mil à produção agrícola e as famílias beneficiadas pela medida deverão fazer um curso prático sobre como lidar com água para evitar desperdício.

Os reservatórios serão construídos com placas de cimento, tendo a capacidade de abastecer uma residência com cinco pessoas durante até oito meses. Há espécies diferentes de cisternas destinadas à agricultura, desde as chamadas do tipo calçadão, de enxurrada, telhadão ou aprisco, além de barragens subterrâneas, barreiros lonados e barreiros trincheira.

Quando afirmamos linhas acima que a seca pode ser solucionada, é suficiente para confirmar a assertiva que o território onde se situa Israel resolveu situação semelhante, porque a resolução da seca, na realidade, exige decisão política e, obviamente, tecnologia, especialistas em clima, investimentos, recursos financeiros e outras providências.

O programa “Cisternas” não resolverá o secular fenômeno climático, embora deva atenuá-lo, mas, na verdade, é apenas mais um paliativo aplicado a um grande número de brasileiros – crianças, adolescentes e adultos – de tal forma que será uma simples medida de caráter paliativo, sem a profundidade e a prioridade que exige.

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