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14Fev2014

A cana-de-açúcar e o Brasão de Pernambuco

Da colônia à República, todos os governantes de Pernambuco tiveram no rol de suas atribuições o acompanhamento da atividade agroindustrial canavieira.

Com efeito, no século XVI como instrumento de colonização do “Novo Mundo”, ou mais adiante, como poderosa ferramenta de desenvolvimento econômico e social, a cana-de-açúcar pontificou como carro-chefe de nossas realizações, ocupando, ao lado do algodão, lugar de destaque no Brasão símbolo do Estado, criado pela Lei Estadual nº 75 de 1895, do Governador Alexandre Barbosa Lima (1892/1896), tio do ilustre Barbosa Lima Sobrinho, também Governador de Pernambuco, com inestimável serviço à saga canavieira na condição de Presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, autor dos “Estatutos da Lavoura Canavieira” de 1941, o mais completo arcabouço legal já verificado no País para uma atividade estratégica.

Poderíamos citar muitos outros, desde Maurício de Nassau com sua famosa carta de recomendações aos governantes do futuro, de como lidar A cana-de-açúcar e o Brasão de Pernambuco como contexto canavieiro, ou de Agamenon Magalhães nos anos cinquenta, que buscou assessoramento técnico na matéria através dos seus auxiliares mais próximos, os Secretários de Governo, Gomes Maranhão, posteriormente também Presidente do I.A.A., e Armando Monteiro Filho, ambos de tradicionais famílias do Setor Canavieiro, o industrial Cid Sampaio criador da Companhia Pernambucana de Borracha Sintética, que tinha o álcool como matéria-prima, Miguel Arraes de Alencar, ex-funcionário do I.A.A., criador do famoso “Acordo do Campo” e do “Chapéu de Palha”, contemplando trabalhadores e produtores de cana, Moura Cavalcanti, do Engenho Cipó Branco em São Vicente Ferrer, Marco Maciel, importante posto avançado do Setor canavieiro junto à Presidência da República, Roberto Magalhães, uma presença de destaque na defesa da cana-de-açúcar no Parlamento, Jarbas Vasconcelos, de Nazaré da Mata que lançou em caráter emergencial o PRORENOR e PRORESUL, programas de revitalização da Zona da Mata dizimada pela seca de 1999/2000, enfim, todos, cada qual ao seu modo, em grau maior ou menor, preocupa GREGÓRIOMARANHÃO* ram-se com a cana e sua gente, Trabalhadores, Fornecedores de Cana e indústria processadora.

Hoje, às vésperas da posse de João Lyra Neto como quinquagésimo quinto Governador do Estado (no período republicano), para o mandato de transição, e da expectativa do anúncio de quem será indicado pelo Governador Eduardo Campos para concorrer à sua sucessão, o Setor da Agroindústria Canavieira, mergulhado na mais aguda crise da sua história recente, assiste angustiado, o movimento político, na tentativa de vislumbrar o perfil do candidato que melhor se adeque às suas esperanças de soerguimento, que melhor entenda a importância histórica do Setor, como gerador de emprego e renda, pilar de sustentação econômica e social de uma população direta e indiretamente afetada, da ordem de 1,5 milhões de habitantes, distribuídos por mais de cinquenta municípios canavieiros do Estado.

Isto posto, foi com grande entusiasmo e discreta euforia que o setor recebeu, agora no final do ano, a notícia de que o Ex-Ministro Fernando Bezerra Coelho, sertanejo, sobrinho do Ex Governador Nilo Coelho, entendeu a extensão da dramática situação e, preocupado coma tragédia que se prenuncia em toda Zona da Mata Canavieira Nordestina, principalmente em Pernambuco, decidiu antes de deixar o cargo, de constituir através de Portaria Ministerial, o “Comitê Interministerial, Visando a Recuperação do Setor Sucro Energético do Nordeste”, coordenado pela ressurgem-te SUDENE e composto pelos Ministérios da Agricultura, Integração Nacional, Fazenda, Banco do Brasil, BNDES, BNB, além das representações dos trabalhadores, fornecedores de cana e unidades industriais, para deflagrar a missão de resgate da mais antiga de nossas atividades, antes que ela só esteja presente em nosso Brasão, como memória póstuma, como foi o caso do algodão, outrora também próspero, e hoje sepultado para desgosto do nosso povo.

Pela sua iniciativa de reconhecimento à importância histórica da Cana-de-Açúcar para o nosso Estado, o ex-Ministro Fernando Bezerra Coelho estará recebendo, no próximo dia 17 do cor- rente, “a Medalha do Mérito Canavieiro”, como a mais alta honraria do Setor em Pernambuco pelas relevantes ações para com a classe canavieira.

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